quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Desenhos no Ar

Hoje minha turma de pré-adolescentes foi desenhar, mas como eu não tinha certeza se os grafites seriam encontrados, resolvi bolar outra maneira que pensar o desenho...

A proposta foi conversarmos sobre desenhos e aproveitar para ver bastante imagens de outros artistas que propunham maneiras diferentes de se relacionar com seus desenhos. Agora era o seguinte: o desenho não seria produzido NO papel, esse desenho seria feito COM papel! Sim, o papel sulfite não mais como suporte, mas como ferramenta! uhoo
Depois de desenhos, ventos e pedrinhas sobre o papel. Intervalo.

Após a parada e reflexão. Observamos nossos próprios desenhos através das fotos da máquina fotográfica. Depois cada aluno ficou responsável por fazer um desenho de observação do desenho do colega, também recebeu a missão de procurar pelo espaço outras formas semelhantes as produzidas no desenho do amigo. Finalizamos conversando a respeito de tudo que fizemos. Ufa, cansou.

sábado, 21 de agosto de 2010

Nossos Lugares

Essa é minha turma com a Thais, nossa atriz!

É uma turma grande, cheia de personalidade. Uns que não querem participar de jeito nenhum, outros que são meio "avalanches" levando a turma para direções outras, outras meninas quase adultas e por aí vai...

Eu e Thais desde o início nos sentimos a vontade entre eles, muitos inclusive são novos dentro do PIÁ. Nas primeiras aulas trabalhamos com jogos, brincadeiras e desenhos que propunha uma relação maior entre todos os integrantes do grupo: nos conhecer, respeitar o outro, nomes e novas parcerias

LUGAR: esse foi nosso objetivo norteador nesse momento

As experiências e exercícios planam sobre a criação e pensamento desses espaços, desses lugares.
Na aula anterior, em trios, recortamos imagens referentes à LUGARES, cada grupo se responsabilizou por um lugar diferente. Guardamos em um envelope e aqui estão as imagens novamente.
Depois de nos exercitarmos com outros jogos teatrais, fomos para o espaço externo da sala, o BEC( nome do prédio onde ficam as salas, quadra, teatro lá no CEU). Ali o exercício teve continuidade na construção de uma cena, sem fala, mas que mostrasse para quem estivesse assistindo, que lugar era esse.... As imagens estão ali para ajudar a criar imagens, idéias.

Aqui esta um grupo se apresentando... Acho que era um restaurante. Poxa, foi gostoso!

escolhi o ROXO, essa é a turma de 8 à 10 anos, as terças do período da tarde

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

"sola, pero que mui bien acompanhada"- portunhol dos bons

Sí, Sí, Sí... tenho uma turma de pré-adolescentes e..?? Sozinha!

A turma paira entre os 11 e 13 anos, meninos e meninas. Uns tagarelas e outros quase mudos, mas é só o inícios ainda. Essa turma já frequentava o programa no semestre anterior e tinham sérios problemas com o artista-educador de música. Já recebi a pasta de chama com um "hum... essa é a turma de quarta....boa sorte!"

Mas enfim, foi difícil mesmo no primeiro encontro, fui testada do primeiro ao último minuto. Sexo, sacanagem, canção gospel, encenação, piada... tudo existiu, mas foi produtivo ( e cansativo também). Estava um barulho danado na sala ao lado e esse detalha compromete a concentração e tal, precisávamos de muito diálogo para nos entendermos e esclarecê-los que de raios era essa tal 'artes visuais' que todos eles iriam ter aula daqui para frente. Jogamos o jogo da bienal nesse dia, conversamos muito sobre arte, sobre eles, sobre o PIÁ. Também fizemos um momento de apresentação do que quisesse no final da aula: foi um máximo!

( isso porque eu notei que precisávamos desenvolver ferramentas para diálogos sobre arte, sobre nós, sobre os nossos trabalhos...). Foi estranhos, me pego poucas vezes trabalhando de forma tão Na aula seguinte a discussão foi entorno da diferença entre Tridimensional X Bidimensionalestabelecermostecnicista, mas percebi que foi bom, e o exercício foi o seguinte:

depois de muita conversa sobre BI X TRI, todos os alunos receberam dois conjuntos do mesmo material: um montinho de argila, uma folha de papel e um palito de churrasco

Com esses dois conjuntos transformaríamos um em um trabalho Bidimensional e o outro conjunto em um Tridimensional. E não foi que funcionou?

Claro que surgiram dúvidas e confusões, mas pudemos colocar todo a produção do dia me duas mesas diferentes, conversamos sobre os trabalho e até sobre as questões presentes nas diferentes produções. Foi bom.

essa turma poderia ser verde

o Menino de Queijo Fedorento

As idéias para introduzir delicadamente uma nova parceira para as manhãs de segunda-feira funcionaram. Os alunos em duas semanas já pareciam à vontade com as mudanças que aconteciam. Eu já faço parte da turma!

O objeto escolhido ao acaso para a condução de uma possibilidade de caminho foi um livro ‘Um patinho Realmente Feio e outras histórias malucas’. Nesse livro, partindo dos contos de fada tradicionais, o autor Jon Scieszka cria um texto inesperado, substituindo o clássico final feliz por soluções "absurdas". De uma dessas histórias, ‘O Menino de Queijo Fedorento’ nos aproveitamos para criar novas caras, danças e até meninos feitos de queijo para serem comidos no final do dia.

O caminho foi aberto e nós duas também nos encontramos abertas para continuarmos nos descobrindo e permitindo que as crianças sejam parte fundamental dessas descobertas. Nada já é sabido, mas tudo está aí para ser somado e pertencer ao que antes sabíamos dizer sobre quem somos nós.



E não é por nada, mas a bolachinha de fubá com queijo ficou deliciosa para caramba! Para colorir tínhamos: orégano, flocos de aveia, gergelim normal e preto, nozes, quinua e semente de girassol...

Bolacha do Menino de Queijo Fedorento

2 xic de farinha
1 xic de fubá
3 col de margarina
1 xic de açucar
100g de queijo ralado
3 ovos
1 colherinha de bicarbonato de sódio

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Ela é nova por aqui

Aira e Andréa - artes visuais e dança 5-8 anos
Eu e Andrea conversamos sobre a turma que nos esperava às manhãs de segunda-feira. Era um grupo que já acompanhava a Andrea desde o início do semestre e por isso havia um apego grande ao que haviam construídos juntos.
Combinamos então que eu representaria uma professora perdida que apareceria na aula pedindo ajuda aos alunos. Eu não sabia onde eram as salas, os armários, onde guardavam os sapatos, os banheiros e tudo mais... E assim fizemos! As crianças me ajudaram a me "localizar" naquele lugar, também se abriram para ouvir o 'quê' estava fazendo por lá.
Contei que era nova, e mesmo perdida havia preparado uma aula para uma turma que receberia uma dia desses... uma turma mais ou menos assim... do tamanho de vocês! mas minha memória estava muito debilitada que não sabia muito quem eles eram. A banana que eu havia trazido para meu lanche se transformou em microfone para assim... uma breve entrevista em grupo para nos conhecermos melhor.
No primeiro momento propus algumas atividades que eu havia preparado para a "outra" turma que pedi para que eles experimentassem e me desse uma avaliação se a "outra" turma iria gostar! Nos alongamos do meu jeito e do jeito deles, como já faziam com a Andrea, trocamos aquecimentos e brincadeiras.
Algumas confianças conquistadas e aula acabou: "gente! acho que encontrei a lista das turmas para quem vou dar aula aqui no CEU! deixa eu ver....segunda....9:00.... de 5 à 7 anos...." e veio o coro " É A GENTE!!!". E assim cavei meu espacinho na primeira turma...
acho que essa turma tem cara de laranja, assim será a cor da fonte dessa turma

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Somos 4

Nossa equipe é composta por quatro artistas-educadoras, cada uma responsável por uma linguagem artística diferente- teatro , dança, artes visuais e música. Eu, no caso, artes visuais. Todas nós somos responsáveis por duas turmas de 5 à 7 anos e uma de 8 à 10 anos, nesses turmas trabalhamos em dupla, desenvolvendo junto ao grupo projetos interdiciplinares. Temos também uma turma de pré adolescentes (11 à 14), essas turmas já são oferecidas como linguagem. Subentende-se que a criança depois de passar pela experiência de todas as linguagens possa escolher nesse momento.

O pretendo aqui é escancarar essas práticas diárias que acontecem com cada dupla e que a cada dia adquirem a formatação do grupo que a frequenta. No blog anterior www.airaejuliananoceu.blogspot.com só havia minha parceria com a artista juliana França, de dança, mesmo assim é o registro que mais gosto, que mais assumiu uma estrutura de pesquisa pessoal.

Meus registros começaram a bastante tempo, na verdade antes mesmo de me encontrar nesse espaço da educação. Hoje observando minha produção, vejo que o formato de livro, caderno, agenda estavam presentes desde o início das pesquisas na faculdade ( fiz Artes Plásticas na UNICAMP). Dentro do desenho, das técnicas de gravura e pintura já me sentia a vontade em compor livros que de alguma maneira propunham um registro cronológico dos desdobramentos. Acho que nunca mais parei, mesmo fora de um contexto de produção artística para o mundo das exposições e bla bla bla, o lugar das ideias se permanece, o registro das aulas nada mais é do que um arquivo dessas experiências de muita vida que tenho me deparado nesses últimos anos. Mesmo dentro desses espaços educacionais periféricos à efervescência cultural de São Paulo existe muita arte, muita entrega, muito trabalho e dedicação. Hoje esse é meu espaço de produção.

sábado, 7 de agosto de 2010

Agora vou de trem

Decisão tomada. Hora de depositar toda a energia em outro lugar. Recomeçar o trabalho que tanto me apeguei em outro lugar, com outras palavras e novas páginas ainda em branco. CEU Sapopemba era uma viagem, mas Guaianazes é mais longe ainda, fiquei louca será? Creio que não, a mudança veio em forma de lágrimas e alegria, uma misturinha salgada que deu liga.

Para quem nunca acompanhou a rotina colorida de meus outros blogs, vai aqui uma resumida e exclarecida menção: sou artista plástica, com uma pitada de curiosidade na criação das outras artes, trabalho em um projeto lindo da Secretaria de Cultura ( isso é novidade já que saímos da Sec. de Educação) chamado PIÁ- Programa de Iniciação Artística, que no momento é atribuído à alguns equipamentos públicos do município de São Paulo. Hoje estou no CEU(Centro de Educação Unificado) Lajeado, ontem estava em Sapopemba.

A primeira impressão ao entrar nas instalações do CEU Lajeado é a de se reconhecer naquele espaço(os projetos de engenharia e arquitetura são os mesmos) porém toda a nova organização espacial provocada pelas diferenças de terrenos propõe uma relação diferente entre os ambiente. Respirei fundo, nem mesmo o ar parecia me reconhecer. Força! Hora de recomeçar e voltar a ser feliz.

Também existe uma estrutura hierárquica dentro dos CEUs que promove o desenvolvimento das áreas presentes alí: cultura/educação/esporte, todos eles geridos por um gestor atribuído por via de cargo de confiança. O PiÁ, meu trabalho, se localiza na área da Cultura, porém nossa contratação fica sob manutenção da Sec. de Cultura. Oh, quanta cultura! Depois de quase dois anos trabalhando no mesmo lugar, a mudança proporciona um olhar crítico sobre as diferentes relações de trabalho encontradas, mesmo partindo de categorias semelhantes de trabalho. A ponta da pirâmide de poder determina categoricamente a maneira como as pessoas se estabelecerão dentro desse espaço de convívio mútuo: se a partir do medo, respeito, "puxa-saquismo", solidarismo, amor e etc.

Desejo muito me sentir leve, me sentir dentro, me sentir parte, me sentir realizada a partir de outros desafios. É tudo novidade, é tudo paciência. Me acostumo.